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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Violência

O primeiro desafio para a realização de um estudo sobre violência é definir seu conteúdo. Não existe uma definição única nem percepção consensual sobre o que é violência, não sendo a “violência” um conceito sociológico.

Neste mesmo sentido, os discursos sobre a violência variam. A análise dos cientistas sociais Leandro Piquet e Luiz Eduardo Soares em dar respostas aos questionários aplicados, em 1984, a transeuntes na região metropolitana do Rio de Janeiro mostrou que o termo violência pode ser compreendido como crime ou ainda como pecado, miséria ou corrupção.

Alba Zaluar, ao sistematizar, em 1999, a produção das ciências sociais sobre violência afirmou:

“Violência vem do latim violentia, que remete a vis (força, vigor, emprego de força física ou os recursos do corpo em exercer a sua força vital). Esta força torna-se violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tácitos e regras que ordenam relações, adquirindo carga negativa ou maléfica. É, portanto, a percepção do limite e da perturbação (e do sofrimento que provoca) que vai caracterizar um ato como violento, percepção esta que varia cultural e historicamente. As sensibilidades mais ou menos aguçadas para o excesso no uso da força corporal ou de um instrumento de força, o conhecimento maior ou menor dos seus efeitos maléficos, seja em termos de sofrimento pessoal ou dos prejuízos à coletividade, dão o sentido e o foco para a ação violenta. Além de polifônica no significado, ela também é múltipla nas suas manifestações. Do mesmo modo, o mal a ela associado, que delimita o que há de ser combatido, tampouco tem definição unívoca e clara. Não é possível, portanto, de antemão, definir substancialmente a violência como positiva e boa, ou como destrutiva e má” (p.8)

A violência pode ser pensada como um fenômeno a ser analisado ou uma categoria analítica que serve para interpretar determinada realidade social. Também pode ser vista como negativa, como oposto à pacificação, ou positiva, por expressar um descontentamento diante da realidade, podendo iniciar um processo de mudança social.
As manifestações da “violência” aparecem como uma questão a ser problematizada ao longo da história do pensamento social ocidental. Nesta aula, iremos debater como diferentes autores se apropriaram deste termo e compreenderam as suas manifestações.

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